EDUCAÇÃO ALIMENTAR | Por que comemos o que comemos? A alimentação além do instintivo.
O objetivo em divulgar conteúdo nesse formato é o de informar e educar. A Pitada Natural se estabeleceu como uma marca de produtos veganos, sustentáveis e artesanais que existe porque, para seus criadores, a alimentação tem um significado. E por isso a qualidade dos produtos não é o único aspecto valorizado, a divulgação de conteúdos e a educação também são muito importantes dentro da estrutura da empresa.
Defendemos a produção artesanal, sem impactos ambientais e dispomos do seguinte valor: levar alimento de qualidade e deliciosos para a mesa das famílias brasileiras, tudo isso unido à divulgação de conteúdos sobre alimentação.
Não oferecemos apenas produtos, nossa missão também é motivar reflexões. Buscamos incentivar a mudança na forma que nos relacionamos com o ambiente, bem como com nossos hábitos alimentares.
Dentro da vida social, nada é por acaso. E a questão "o que comemos e porquê comemos", principalmente. Nossa alimentação é o resultado de diferentes questões sociais, políticas e culturais que vinculadas, resultam na nossa maneira de praticar essa necessidade humana.
Por esse motivo decidimos abordar a alimentação não como algo que diz respeito apenas ao metabolismo humano, mas como uma linguagem e uma forma de relacionar-se com o mundo. A alimentação não se reduz apenas ao biológico, e através dessa relação entre cultura e natureza que iremos partir.
A falta ou o acesso ao alimento sempre ditou e sempre ditará nosso comportamento e as ações sociais. Trabalha-se para ter acesso à comida, bem como a disposição individual é afetada pelos hábitos alimentares, além de que a maioria das revoluções populares na história tiveram como estopim a fome. Logo, podemos concluir que a alimentação é fundamental para os caminhos tomados em uma sociedade.
Recorte da obra 07 de Setembro. O Brasil não é daqueles outros. Conheça as obras do artista visual Vienno. Sensíveis e maravilhosas, suas ilustrações estão disponíveis em seu instagram @Vienno_.
Vamos iniciar uma jornada de estudos sobre a alimentação não através de conclusões, mas questionamentos. O crescente consumo de alimentos ultraprocessados; a função sociológica dos nutrientes; o acesso a uma alimentação saudável; agricultura familiar e o agronegócio; a fome; o veganismo e vegetarianismo e muitos outros campos de estudo não dizem respeito apenas ao alimento enquanto combustível das funções metabólicas, mas são necessariamente debates sociais.
"Minha mãe Rosilene refogando alho e cebola no fogão da casa dos fundos", 2022, arte digital.
Aqui vamos analisar as diversas engrenagens dessa grande máquina “alimentação” e reforçar a ideia principal disso tudo: alimentação saudável é um ato político e o motor de mudanças sociais, planejamento de um futuro melhor, vida digna e bem-estar.
Para Ler | A Mulher de Pés Descalços
A dica de leitura desse post é o livro "A mulher de pés descalços" da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga. O livro aborda os conflitos e a violência que as mulheres sofreram durante os tempos da guerra civil entre as etnias Tutsi e Hutu, na Ruanda. A obra relata principalemnte a dor da perda, tendo como pano de fundo este conflito que culminou no genocídio Tutsi em 1994 e no assassinato de toda família de Mukasonga.
A autora joga luz principalmente na relação que tinha com sua mãe, Stefania, à quem o livro é dedicado, descrevendo sua rotina e o carinho presente nessa relação maternal. O ponto que aqui é interessante acentuar é como essa relação de carinho afirma-se através da alimentação, da comida feita e compartilhada, dos ensinamentos e da roça por elas produzida e que alimentou toda a família.
Mesmo não sendo o ponto principal, e de certa forma por não ser o ponto principal, a narrativa mostra como a alimentação é uma linguagem e um meio de se relacionar com os outros; fazer comida para alguém, bem como se alimentar dessa comida feita, são ações completamente simbólicas. Seu corpo digerir, assimilar e absorver algo que foi feito num ato de extremo carinho mostra como a alimentação é potente, ainda mais alimentar alguém e criar conexões por meio dela. O livro é extremamente emocionante e sensível, destinado a memória da família e das vitimas do genocídio.
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